Quantos anúncios você acha que vê em um dia? Serve o anúncio de jornal, o comercial de TV, a propaganda na traseira do ônibus… mas serve também o produto colocado “despretensiosamente” em uma cena da série que você gosta, o recebido da sua influenciadora favorita, a embalagem de um salgadinho e o nome do estádio do seu time de futebol.
50? 100? 500?
Em 2007, a empresa de pesquisa de mercado Yankelovich estimou que uma pessoa que vivia numa cidade americana poderia ver até 5 mil aparições de marca por dia. Já em 2021, uma nova pesquisa revelou que esse número pode chegar a 10 mil anúncios por dia, praticamente o dobro de 2007.
5 ou 10 mil, temos que concordar: ninguém está a salvo.
Anúncio da Amazon Brasil. Fonte: Instagram.
Porque junto ao impacto visual dessa enxurrada de propaganda — sites cheios de anúncios espalhados, feeds com perfis que não seguimos e vídeos constantemente interrompidos — existe também o impacto mental das comunicações que nossos olhos e ouvidos recebem. Tudo isso mexe na forma que pensamos e em como a sociedade se estrutura.
“Por mais assustador que possa parecer, se um anúncio não modifica o cérebro do público-alvo, então não funcionou.” – Brands on the Brain: Neuro-images of Advertising, Business Strategy Reviews, 2003
Sim, a publicidade já te convenceu
Só para ficar em alguns exemplos, o Papai Noel é vermelho por causa de uma campanha da Coca-Cola, enquanto os diamantes só viraram um símbolo de amor graças a um slogan criado por uma marca de jóias na década de 30. A água engarrafada não seria nada sem o trabalho de publicitários por trás dela, que por muito tempo espalharam medo nas pessoas sobre a água da torneira para alavancar vendas de seus clientes.
Mas não vamos parar por aí: um estudo inglês associou o acesso à publicidade de junk food à obesidade dos jovens. Não é de se estranhar que já existam cidades pelo mundo banindo completamente a publicidade nas suas ruas, justamente para proteger as pessoas, principalmente crianças, das suas mensagens.
Ativistas cobrem anúncios nas ruas de Lille, na França. Fonte: Quentin Saison/The Guardian
Como pessoas que possuem esse poder de impacto, necessitamos não apenas reconhecer nosso papel e influência no mundo, mas também agir com responsabilidade. Nossos clientes ainda precisam de ajuda, produtos e serviços vão continuar precisando ser comunicados, ideias vão continuar precisando de espaço para aparecer.
Por isso, é essencial que a gente sempre olhe com um olhar crítico para aquilo que estamos criando.
- As palavras que usamos causam desconforto ou agridem algum grupo?
- As imagens reforçam estereótipos que precisamos nos livrar como sociedade?
- As mensagens estimulam o consumo irresponsável?
- Será que não existe uma estratégia integrada mais eficiente do que entupir pessoas com propaganda?
Uma publicidade melhor para o mundo
Entra em campo aqui um conceito falado pela publicitária Carla Purcino, a Publicidade Regenerativa. Essa é uma publicidade que inicia processos de mudança. E o mais legal é que ela usa exatamente as ferramentas da publicidade tradicional: estimulando comportamentos, mexendo, positivamente, com a cabeça das pessoas, recriando o mundo.
Aqui na Ecomunica, essa é a nossa preocupação sempre. Pensamos campanhas de marketing e comunicação integradas que atinjam objetivos de negócios por meio de abordagens respeitosas, criando relacionamento entre marca e público e fortalecendo valores que queremos difundir na sociedade.
Com a Tramontina, por exemplo, para ajudar a vender utensílios de jardinagem, doamos ferramentas para que coletivos e ONGs pudessem realizar mais ações de impacto social, registrando todo o processo e divulgando essas iniciativas nos canais da empresa. Assim, transmitimos não só a qualidade e benefícios dos produtos, mas também empoderamos as pessoas a realizarem seus próprios projetos.
Foto da campanha “Ferramentas que Fazem” feita para Tramontina. Fonte: Divulgação
Dá pra fazer coisas muito legais com o poder da comunicação. E as ferramentas e o conhecimento a gente já tem. Basta garantir que as mensagens que colocamos em nossas estratégias contribuam, de fato, para um mundo melhor.